segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Copa América Ciclismo 2013


Pelo segundo ano consecutivo, a Copa América de Ciclismo foi embalada por sotaque argentino. Reforço de Pindamonhangaba, Francisco Chamorro, campeão em 2012 e 2009, conquistou o tri da Copa América ao completar o percurso de nove voltas e 110,5 km em 2h27m45s713. Radicado no Brasil há 10 anos, o atleta já se considera "metade brasileiro". A competição reuniu 145 ciclistas no Aterro do Flamengo, no Rio, e marcou o início da temporada 2013. Nilceu Santos, também de Pindamonhangaba, ficou em segundo lugar e Kleber Ramos da Silva, de Foz do Iguaçu, garantiu a medalha de bronze.  
Em mais uma performance marcante, o argentino voltou a surpreender. Após ficar no meio do pelotão durante toda a prova, disparou nos últimos 100 metros e garantiu o triunfo no sprint final. Há quatro anos, Chamorro já havia levado o título da Copa América por São José dos Campos. No ano passado, o ciclista era um dos destaques de Sorocaba, que precisou se desfazer de seus principais atletas por problemas de patrocínio. Contratado no primeiro dia do ano, o velocista é a novidade de Pinda, que confirmou o favoritismo na corrida que aliou explosão e velocidade nas pistas.
- Fiquei guardado durante toda a corrida e dei o máximo na reta final. Foram 12 segundos de muita força, mas o sacrifício valeu a pena e eu consegui ser o primeiro colocado. O trabalho de equipe foi fundamental para a vitória. Sem os meus companheiros, não teria conquistado. Cumprimos a estratégia planejada que era levar a corrida para o sprint final e deu tudo certo, todos estão de parabéns. É muito abrir a temporada com o pé direito - vibrou Chamorro.
Breno Sidoti, campeão em 2011, e Carlos Alexandre Manarelli, ambos do Pindamonhangaba, abriram uma vantagem expressiva em relação aos demais competidores ainda na metade da prova. Eles conseguiram ficar 30 segundos na frente pelotão, desgastando as outras equipes, que foram obrigadas a acelerar para acompanhar o ritmo acelerado.
Nos últimos 5km, Sidoti foi alcançado pelo pelotão. Alexandre Manarelli, por sua vez, seguia em vantagem, mas sofria com o vento contrário, que o colocou junto aos adversários pouco depois. Com a disputa em aberto na reta final, os experientes Nilceu Santos, Francisco Chamorro, Roberto Pinheiro e Kleber Ramos aceleraram e protagonizaram uma verdadeira batalha sobre rodas até cruzarem a linha de chegada. Faltando apenas 100 metros para o fim, o argentino mostrou força, disparou e deixou os adversários para trás, em uma disputa emocionante. Especialista no sprint final, Chamorro poupou as energias por mais de 100km, protegido pelos companheiros, que se revezaram para furar a resistência do vento.
Efeito dominó
O ciclista Vagner Silva, da equipe de São Caetano do Sul, foi uma das vítimas do efeito dominó, muito comum em provas de ciclismo, onde o contato entre os atletas é constante. Natural de Campinas e criado em São José do Rio Preto, o jovem de 21 anos sofreu uma queda ainda na primeira volta, ficando com algumas escoriações pelo corpo, principalmente, no braço e na perna esquerda. Por sorte, não foi nada grave e ele já pode retomar os treinos.
- Os tombos são normais no ciclismo, já sofri quedas piores, a 75km/h e as escoriações foram mais profundas. Geralmente, conseguimos retornar, mas como esta é uma prova plana e muito veloz, não tem como voltar com chances de acompanhar o pelotão - disse Vagner, que tem passagem pela equipe de Iracemápolis.
Luciene Ferreira vence disputa feminina
Com uma arrancada nos últimos 300 metros, Luciene Ferreira Silva, de Pindamonhangaba, superou as rivais em uma disputa acirrada, com tempo de 1h00m15s747, e faturou o título pela segunda vez - a primeira ocorreu em 2010. A atleta olímpica Clemilda Fernandes, melhor brasileira do ranking mundial, correu sozinha e terminou apenas quatro centésimos atrás (1h00m15s753). A ciclista chegou a comemorar a vitória, erguendo os braços ao cruzar a linha de chegada e ficou inconformada com o resultado. Campeã da Copa América no ano passado, Valquíria Pardial, também de Pinda, levou o bronze, ao completar o percurso de três voltas e cerca de 37km em 1h00m16s306.
- Conseguimos escapar numa fuga (quando um grupo de atletas abre uma vantagem sobre o pelotão) de 1m40s com seis ciclistas, sendo três de Pinda. A nossa estratégia era fazer uma marcação forte do início ao fim e deu 100% certo. É uma sensação maravilhosa, principalmente, depois daquela tensão do sprint final, onde um erro pode ser crucial. A Valquíria e a Camila (Coelho, novidade na equipe) se doaram para mim e eu só tenho a agradecer - disse a campeã, que elogiou o trabalho das companheiras e de Clemilda, medalhista de prata, além de ter agradecido o apoio do amigo Junior Moch ao longo da carreira.
Apaixonada por ciclismo desde criança, Luciene conta que nunca gostou de "brincadeiras de mulherzinha" e sempre foi adepta aos esportes de força. Gostava de trocar as tarefas de casa, como bordado, pintura e cozinha para jogar bola com os amigos na rua. Quando participou de uma prova de mountain bike na cidade de Cochinha (MS), sua terra natal, nunca mais largou a bicicleta.
Após passar por equipes de Campo Grande, São Caetano e São dos Campos, a ciclista de 27 anos mudou-se para Pindamonhangaba para defender a equipe da região. Hoje, é casada com Magno Nazaret, um dos destaques do time masculino e responsável por controlar o ritmo da disputa entre os homens no Rio.
Confira os campeões das outras edições:
2012 - Francisco Chamorro (ARG) / Valquíria Pardial (BRA)
2011 - Breno Sidoti (BRA) / Janildes Fernandes (BRA)
2010 - Geraldo Souza (BRA) / Luciene Ferreira (BRA)
2009 - Francisco Chamorro (ARG) / Janildes Fernandes (BRA)
2008 - Nilceu Santos (BRA) /Uênia Fernandes (BRA)
2007 - Nilceu Santos (BRA) / Clemilda Fernandes (BRA)
2006 - Nilceu Santos (BRA) /Clemilda Fernandes (BRA)
2005 - Nilceu Santos (BRA) / Clemilda Fernandes (BRA)
2004 - Alem Rayes (URU) / Uênia Fernandes (BRA)
2003 - Renato Rohsler (BRA) / Janildes Fernandes (BRA)
2002 - John Lieswyn (EUA)
2001 - André Grizante (BRA)


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